Ministério diz que situação em Maceió é de estabilização e minimiza chance de desmoronamento generalizado

O Ministério de Minas e Energia afirmou em relatório neste domingo que a situação no bairro de Mutange, onde o solo na área de atividade da mineradora Braskem vem cedendo nas últimas semanas, é de estabilização. No documento, produzido após reunião realizada no sábado, o Ministério afirma que houve redução da probabilidade de deslocamentos de terra de larga escala.

De acordo com a análise dos especialistas do Ministério, houve redução da velocidade do deslocamento de terra. No dia 30 de novembro, era de 50cm por dia. No sábado, esse número caiu para 15 cm por dia. A pasta afirmou, entretanto, que a situação ainda demanda atenção já que a velocidade ainda é elevada.

Segundo o relatório, a expectativa dos especialistas é de que, se houver desmoronamento, ele ocorrerá de forma localizada e não generalizada.

“Há, no momento, sensores instalados ao redor da área, que permitem monitoramento em tempo real pela Defesa Civil em Maceió. O SGB/CPRM destacou equipe especializada para acompanhar a evolução da situação”, afirmou o relatório.

O Ministério de Minas e Energia afirmou que desde 2020 tem sido realizada a retirada de moradores em risco. Até o momento, já foram deslocados 50 mil habitantes do bairro. Os cálculos dos especialistas apontam, entretanto, tendência de equilíbrio no sistema geológico do local.

Essa conclusão é corroborada, de acordo com o ministério, por sistemas de monitoramento, que mostram diminuição da intensidade e quantidade de microsismos (movimentos de terra).

Inércia de governos
O coordenador-geral de Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, fala que tragédia na cidade pelo afundamento de mina da Braskem é “resposta” da natureza às agressões enfrentadas nas últimas décadas, e responsabiliza a inércia de governos estaduais pelo que poderia ser feito para conter os danos. Ao GLOBO, ele afirmou que há mais de 110 agentes municipais de prontidão para agir na região.

— Quem dita as regras aqui é a natureza, que foi agredida e agora está dando a resposta — afirma Nobre, à frente do órgão desde 2021. — O que poderia ter sido feito lá atrás era a fiscalização pelos governos federal e estadual, o respeito às normas ambientais e a fiscalização correta da exploração.

De acordo com ele, a estrutura de monitoramento da situação foi criada em 2019, logo após o primeiro alerta de afundamento da região em função da exploração de sal-gema pela mineradora. A exploração sequer deveria ter sido autorizada, na avaliação de Pedro Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, por se tratar de um espaço urbanizado.

Nobre explica que a prefeitura de Maceió definiu uma estrutura de acompanhamento e de prontidão 24 horas por dia para dar a devida assistência. Segundo ele, todo o contingente da Defesa Civil da capital alagoana, de 117 agentes, está direcionada para o plano.

Além disso, ele informa que chegaram na cidade nos últimos dias técnicos de órgãos federais para dar suporte às atividades de monitoramento. Na quarta-feira, outros dois integrantes da Defesa Civil nacional pousaram em Maceió para acompanhar o andamento do caso, sem precedentes no país. Há ainda a atuação de equipes do Serviço Geológico do Brasil (antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais).

Cenário sem precedentes
O coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió voltou a afirmar que a situação na cidade se trata de algo “único na história do país”, nunca antes visto por nenhum antecessor no cargo ou em defesas civis de outros estados.

— Já vivenciamos desastres como enchentes, desabamentos, vitimados por chuvas, mas um desastre dessa magnitude e dessa natureza é único no Brasil — afirma.

No sábado, a prefeitura de Maceió afirmou que o eventual colapso da mina de sal-gema é um “evento inédito no mundo” e que, por isso, “até o momento não é possível mensurar todas as consequências do fato”.

O Globo

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