Dois anos após os ataques de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes, em Brasília, o Palácio do Planalto vai receber nesta quarta-feira 20 obras de arte vandalizadas que foram restauradas desde janeiro do ano passado. A recuperação de pinturas, esculturas e artefatos históricos que serão devolvidos ao acervo da Presidência ocorreu em um laboratório de restauração montado no Palácio da Alvorada, em espaço cedido pelo governo federal, e contou com a participação de cerca de 50 profissionais.
A entrega das obras ocorrerá em evento no Palácio do Planalto na manhã desta quarta, com a participação do presidente Lula. Além delas, a Presidência recebeu, nesta terça, um relógio de mesa do século 17, de Balthazar Martinot e André Boulle, que foi restaurado na Suíça.
A restauração foi realizada por meio de um Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que estabeleceu parceria com a Universidade Federal de Pelotas. Foram mais de 1.760 horas trabalhadas no laboratório, e as atividades de restauro contaram com a produção de 20 relatórios técnicos detalhando o processo de recuperação de cada obra.
Para a professora da UFPel Andréa Bachettini, coordenadora do projeto de restauração, um dos trabalhos mais simbólicos foi o quadro “Mulatas”, de Emiliano Di Cavalcanti, que sofreu sete punhaladas durante os ataques. “Após a restauração, os danos ficaram imperceptíveis pela parte da frente, mas pelo verso a gente consegue ver as ‘cicatrizes’, as marcas dos rasgos. A gente não podia esconder”.
“Quando a obra for exposta de novo, vai ser possível perceber que, na frente, está plenamente restaurada. Mas atrás, na parte de trás da tela, as restauradoras fizeram questão de deixar as marcas como ‘cicatrizes’. A gente entendia que era preciso contar a história. Deixar essa marca de memória do que ocorreu para que não se repita. Não que a gente venha a celebrar, mas que a gente venha a memorar como fato. As cicatrizes indicam que ali houve um dano passado”, comentou o presidente do Iphan, Leandro Grass.
Veja a seguir a lista de obras restauradas:
com Veja
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