Autor de CPI rebate Arquidiocese, diz que padre Júlio não “é a Igreja” e afirma que não vai recuar

O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), responsável pela criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que tem como principal alvo o padre Júlio Lancellotti e sua atuação na região da cracolândia, em São Paulo, diz que “todos podem ser investigados” e que o religioso “não é a Arquidiocese, tampouco a Igreja Católica”.

“Não vou recuar de maneira alguma”, afirmou ele à jornalista Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo e da BandNews FM. A possível instalação da CPI na Câmara Municipal de São Paulo provocou uma série de reações, inclusive da própria Arquidiocese de São Paulo.

O órgão da Igreja Católica disse na noite dessa quarta-feira (3) que acompanha a ofensiva “com perplexidade”. O líder da bancada do PT, Senival Moura, afirmou que o partido iria obstruir a instalação CPI na Casa.

Nessa quinta-feira (4), parlamentares que haviam assinado o requerimento para a abertura da comissão anunciaram que vão retirar o apoio à investigação. Questionado sobre o assunto, Rubinho contemporiza a movimentação.

“São naturais as reações adversas. E essa perseguição aos parlamentares só mostra que tem algo muito grande por trás”, diz o parlamentar. “[A CPI] vai ser aberta. Boa parte [dos vereadores que assinaram o documento] se mantêm, estão apoiando.”

“Eu respeito muito a Igreja, mas ela não é uma pessoa, ela não se confunde com o vigário. E, naturalmente, todos podem ser investigados, inclusive o Júlio. Ele não é a Arquidiocese, tampouco a Igreja.”

Na CPI, Rubinho Nunes pretende mirar no Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, e o coletivo Craco Resiste. Ambas atuam junto à população em situação de rua e dependentes químicos da região central da cidade, assim como o padre Júlio.

A Bompar é uma entidade filantrópica ligada à Igreja Católica e que já teve o padre Júlio como conselheiro. Já a Craco Resiste atua contra a violência policial na região da cracolândia.

Em dezembro, o pároco disse que não tem qualquer incidência sobre as entidades e não atua em projetos conjuntos com elas. Ele ainda afirmou que não é do conselho da Bompar há 17 anos e que ocupava uma posição sem remuneração no conselho deliberativo da entidade.

Folha de S. Paulo

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