Notícias da Paraíba

Leticia Albuquerque

Formada em Direito pela Universidade Federal da Paraíba, advogada e conciliadora da Justiça Federal na Paraíba.

Instagram: @adv.leticia.albuquerque

Sophia e eu

Era a última semana do ano, na sala de espera de um consultório médico. Eu, Letícia, já joguei tudo para o alto, compromissos apenas no próximo ano.

Enquanto aguardava a minha vez de ser atendida, fiquei fazendo uma breve retrospectiva do ano que está prestes a findar. Foi um ano morgado, de recolhimento e acolhimento de mim mesma, o suficiente para acalmar a agitação do ano anterior. Alguns planos concretizados, outros não. Finalmente aprendi que determinados planos exigem um processo feito de metas e etapas. Também tive boas surpresas, encontros e reencontros inesperados.

Enquanto eu ia fazendo mentalmente uma retrospectiva da própria vida, cansada e cabisbaixa, eis que surge uma menina de 7 ou 8 anos de idade. A maneira como brincava com sua boneca me chamou atenção. Ela dava carinho, beijos, mamadeira, trocava de roupa, como se fosse um bebê de verdade.

Eu me atrevi e interrompendo-a perguntei:

— Ela é sua filha?

— Não. Ela é minha boneca, respondeu.

Fiquei sem resposta com tamanha esperteza da menina que, por sua vez, percebeu que me deixou sem graça e perguntou o meu nome:

— Meu nome é Letícia, respondi.

Neste momento, ela ficou entusiasmada, com os olhos brilhando a tempo de lacrimejar e largou a boneca.

— Letícia vai ser o nome da minha irmãzinha. Teve um dia que mamãe estava triste e eu disse: Já sei! Precisamos de uma alegria nessa casa. Precisamos de uma Letícia! Ela me contou animada.

O nome Letícia vem do latim, deriva de laetitia e significa alegria (embora, às vezes, eu esqueça de fazer jus ao significado do meu nome). Ver a menina feliz com o meu nome me deixou em estado de felicidade também. E então eu perguntei o seu nome:

— Meu nome é Sophia com ‘’ph’’ porque é escrito em inglês e significa sabedoria. Ela me explicou.

Realmente uma menina muito sábia, meiga e sensível. Viramos ótimas amigas durante a espera. Ela contou que fazia teatro e aulas de culinária e me deu várias dicas de como enfeitar cupcakes que eu com certeza irei fazer.

Provavelmente não me encontrarei mais com Sophia. Ela não faz ideia do quanto me deixou feliz naquele dia e em todas as vezes que lembro deste encontro.

Quando saí da clínica, Sophia não estava mais lá. Desejei toda a felicidade do mundo para aquela criança, mesmo sabendo que a vida de cada um é feita de “dores e delícias”, como canta Caetano Veloso. E hoje desejo também que a mudança de ano traga um espírito de renovação para todos e todas. Fé, força e coragem!

* Os textos e vídeos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Paraíba Dia a Dia.

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