PGR recebe pedido de punição a Queiroga e ex-ministros por ações do Governo Bolsonaro

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS) apresentaram, nesta quinta-feira (24), à Procuradoria-Geral da República (PGR), uma representação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ex-ministros Marcelo Queiroga e Eduardo Pazuello, da Saúde, e Walter Braga Netto, da Casa Civil.

Os órgãos pedem que a PGR adote as “devidas providências” para oferecer denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os nomes, por crimes que, dizem o CNDH e o CNS, eles cometeram durante a pandemia de Covid-19.

A representação aponta condutas de Bolsonaro, Queiroga, Pazuello e Braga Netto que supostamente se enquadram nos delitos de infração de medida sanitária preventiva; epidemia, qualificado pelo resultado morte; charlatanismo; perigo para a vida ou saúde de outrem; e incitação ao crime.

A representação ressalta que, do início da pandemia, em 2020, até 26 de abril de 2023, o Brasil acumulou 701.494 mortes por Covid-19. “Até o final do período pandêmico, foi o segundo país com mais mortes pelo vírus, em termos proporcionais, respondendo por 10% das notificações de óbitos causados pela doença. Isso significa que a cada dez óbitos registrados no mundo por Covid-19, um ocorreu no Brasil”, acrescenta.

Conforme a peça, em 8 de outubro de 2021, quando o país ultrapassou a marca de 600 mil mortos, se seguisse a média mundial de óbitos provocados pela doença, não passaria da faixa dos 130 mil.

“Considerada a pior resposta do mundo à Covid-19, a estratégia federal brasileira de resposta a esta emergência representa flagrante ruptura na exitosa tradição da saúde pública pátria”, pontua.

Segundo o CNDH e o CNS, o número “exorbitante” de casos e óbitos por Covid-19 notificados, sem contar os que não foram, é o resultado da política sanitária adotada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, “que se posicionou na contramão das orientações da comunidade científica, da OMS, e mesmo da mais singela razoabilidade, participando de forma decisiva, por atos e omissões, da propagação do vírus no território nacional”.

Os órgãos apontam que enquanto líderes do mundo todo e, no Brasil, governadores, prefeitos, parlamentares, instituições órgãos da imprensa, especialistas e entidades sociais se esforçavam para incentivar as pessoas a observar medidas preventivas e controlar o contágio, Bolsonaro e integrantes do Governo:

  • Atuaram contra o uso de máscaras e o distanciamento físico;
  • Faziam “motociatas”;
  • Promoviam aglomerações para fins de manifestação política;
  • Desincentivaram a adoção da população à vacinação;
  • Recomendavam o uso de medicações ineficazes para o tratamento da Covid-19; e
  • Lideraram a implementação de uma política sanitária inspirada em tese chamada “imunidade de rebanho por contágio”.

O CNDH e o CNS salientam que, no momento de protocolo da representação, não há em tramitação qualquer iniciativa de responsabilização criminal pelos “crimes cometidos” por integrantes do Governo Bolsonaro durante a pandemia pela PGR.

“A impunidade pelos crimes cometidos por membros da administração federal anterior é especialmente preocupante, porque pode produzir uma ‘naturalização’ de atos e omissões criminosos em contextos de emergência sanitária, e comprometer sobremaneira o futuro da saúde pública no Brasil”, pontuam.

A reportagem procurou os alvos da representação para que se posicionem. O espaço permanece aberto.

com SBT News

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