Paraíba registra mais de 20 mortes de indígenas venezuelanos entre 2019 e 2025

Vinte e duas pessoas indígenas venezuelanas, da etnia warao, morreram na Paraíba entre janeiro de 2019 e abril de 2025. As informações são da Secretaria Estadual da Saúde (SES), obtidas via Lei de Acesso à Informação.

A maioria das mortes aconteceu em João Pessoa, que concentra 21 dos registros. Também houve um óbito em Campina Grande.

Quase metade das vítimas (45%) eram bebês com até um ano. Dessas, seis tinham menos de seis meses de vida e duas eram natimortas. Também foi registrada a morte de uma criança de 10 anos e de uma adolescente de 16.

As mulheres representam a maior parte dos registros. Das 21 vítimas, 13 eram do sexo feminino, o equivalente a 59%. Entre elas, seis tinham menos de 30 anos.

Já os homens que morreram eram, em sua maioria, adultos ou idosos, com idades entre 50 e 75 anos.

Doenças evitáveis estão entre as principais causas
A análise das causas dos óbitos revela um padrão: 73% das mortes estão ligadas com doenças que poderiam ser evitadas ou tratadas com intervenções básicas de saúde pública e saneamento.

As causas incluem doenças como broncopneumonia, diarreia, sepse, tuberculose, eclâmpsia e desnutrição. Entre os casos registrados, há também mortes por câncer e malformações congênitas. Duas causas foram classificadas como “não definidas” e outras duas ainda estão “em investigação”.

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa afirmou que, desde 2023, criou um Departamento de Saúde voltado a imigrantes e refugiados, com o objetivo de mapear demandas específicas e ofertar serviços como vacinação, fornecimento de medicamentos e acompanhamento de planejamento familiar nos abrigos. Ainda segundo a pasta, a equipe também atua para aproximar essa população das Unidades de Saúde da Família (USFs), respeitando os aspectos culturais dos povos atendidos e promovendo sua autonomia nos cuidados de saúde.

A Secretaria reconheceu que ainda há resistência por parte de algumas famílias warao em aderir às ações de prevenção e tratamento, o que pode elevar o risco de adoecimento e de óbitos evitáveis. “Quanto às testagens realizadas, todos os pacientes com resultado reagente são notificados, atendidos, orientados e medicados. Após isso, os setores responsáveis dão continuidade à investigação epidemiológica”, disse, em nota.

Os warao são indígenas da Venezuela e migraram para o Brasil nos últimos anos. Em cidades como João Pessoa, parte dessa população vive em abrigos temporários ou ocupações urbanas.

Governo da PB negocia novo abrigo após surto de leptospirose
A suspeita de um surto de leptospirose em um abrigo de indígenas warao, em João Pessoa, levou o Governo da Paraíba a iniciar negociações para a transferência das famílias para um novo local. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano (SEDH) e pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM).

Abrigo de indígenas venezuelanos no Centro de João Pessoa tem problemas em portas e janelas. — Foto: Associação dos Defensores da Cidadania

O abrigo está superlotado: tem capacidade para 50 pessoas, mas abriga quase o dobro. Após a denúncia de moradores, mais de 50 indígenas foram examinados e seis testaram positivo para leptospirose. Outros 20 apresentaram sintomas da doença, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.

A SEDH informou que um novo imóvel público está em negociação e que outras opções de abrigo estão sendo buscadas. O objetivo é garantir melhores condições sanitárias e de acolhimento à população warao, que vem crescendo no estado.

Segundo o SPM, a quantidade de indígenas warao acompanhados na Paraíba passou de 378 para 625 pessoas desde março do ano passado. O aumento da demanda tem pressionado a estrutura de acolhimento e agravado os problemas dos abrigos.

com G1 PB

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