Nelson Rosas

Economista, Professor Emérito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Vice Coordenador do Progeb (Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira).

Instagram: @progebufpb

O “pouso suave” em ano de instabilidade e eleição

Somos forçados a começar esta análise ainda falando no fascista Milei. Ele faz questão de manter-se nas manchetes. Infelizmente ainda há pessoas e órgãos de imprensa dando palanque ao canalha, armado em salvador, enquanto ele manda o “Carajo” para o seu próprio povo. Para vergonha geral, o mundo foi obrigado a ouvir, no Fórum de Davos, os impropérios proferidos pelo marginal, que, apesar de economista, não é capaz de distinguir e caracterizar as diferentes correntes econômicas e iguala Keynes, comunismo, socialismo, social-democracia, democracia cristã etc., como se fossem a mesma teoria. Só o grande pensador Milei tem a verdade capaz de salvar a humanidade. E, claro, terminou o seu discurso com um sonoro “carajo”. Coitados dos argentinos que já começam a sentir o tamanho do “carajo” que lhes foi endereçado.

Mas, o Fórum de Davos abriu espaço para outro palhaço, fantoche do belicismo ocidental, o ator Zelensky. Embora de mãos vazias (não conseguiu verbas para continuar o massacre do seu próprio povo), foi cortejado e aplaudido. Apenas o Netanyahu ainda não conseguiu audiência, apesar de todos os crimes que os sionistas vêm cometendo, em Gaza, e das declarações que tem feito contra todas as decisões da ONU, sobre o território. A consequência disto é o agravamento da situação em toda a região, com a expansão do conflito aos países vizinhos. Israel já ameaça a invasão do Líbano, em resposta aos ataques de mísseis que tem recebido de grupos aliados ao Hamas. No mar Vermelho, os rebeldes no Iêmen têm atacado navios, ameaçando a circulação comercial na área, o que já provocou ataques dos ingleses e americanos a instalações no país. O próprio Irã lançou mísseis para os territórios do Iraque e da Síria, alegando atingir alvos militares inimigos. Todo este panorama ameaça as rotas comerciais, que circulam pelo mar Vermelho e Canal de Suez, obrigando a mudança de rotas comerciais para o contorno da África. Temos, portanto, mais uma perturbação para a economia mundial que, todas as organizações internacionais reconhecem que se encontra em situação crítica e preveem para ela um “pouso suave”. O Banco Mundial, por exemplo, em seu relatório Perspectivas Econômicas Globais, prevê que, neste ano, a economia mundial crescerá apenas 2,4%, continuando seu ritmo de desaceleração, pelo terceiro ano consecutivo. A ONU faz estimativas idênticas. O Banco Mundial reconhece que o período entre 2020 e 2024 é o pior em 30 anos.

Temos de levar em consideração este panorama internacional adverso para fazer considerações sobre a nossa economia. Podemos ser atingidos pelas perturbações provocadas pelas guerras e pelo afundamento da economia argentina. O pouso suave externo vai contribuir para o nosso próprio “pouso suave”, que também já teve seu início. Não é uma questão de opinião ou vontade, é uma questão de dados e fatos. O Banco Mundial, para o Brasil, prevê um crescimento de 1,5%, para este ano de 2024. Apesar do endividamento das famílias ter caído, pela primeira vez em 4 anos, a inadimplência bateu recorde, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Isto significa que o consumo das famílias não contribuirá para o crescimento. Por outro lado, os estímulos provocados pelo aumento do salário-mínimo e pelos auxílios, como o bolsa família, perderam seu efeito estimulador.

Outro acontecimento que terá de ser enfrentado pelo governo é a substituição do presidente do Banco Central Campos Neto que, com sua política monetária restritiva, tanto prejuízo nos causou. Espera-se que o governo substitua o sabotador.

Finalmente, há que lembrar que este ano é ano de eleições municipais. Muitas serão as negociações e é preciso consciência na hora de escolher os candidatos. Nada de votar no compadre, amigo ou vizinho. A votação tem de levar em consideração o partido político do candidato. Nenhum voto para qualquer partido de direita ou do centrão. É preciso tirar o apoio que sustenta o Congresso mais reacionário e corrupto da nossa história, para que o presidente Lula possa governar. Basta de chantagens. Agora estará nas mãos dos eleitores.

* Os textos e vídeos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Paraíba Dia a Dia.

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