A cantora e compositora Cristina Buarque morreu neste domingo 20, aos 74 anos, informou Zeca Ferreira, filho da artista.
O corpo será velado e cremado no Crematório Memorial do Carmo, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, na tarde desta segunda-feira (21). O velório começa às 14h e a cremação ocorre a partir das 17h.
Cristina gravou em 1974 Quantas Lágrimas, de Manaceia, que a tornou conhecida no Brasil. Era filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda e irmã de Chico Buarque, Miúcha e Ana de Hollanda.
“Uma cantora avessa aos holofotes”, resumiu Zeca em uma publicação nas redes sociais. “Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra.”
Segundo ele, a mãe “viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, têm um alcance curto”.
“É imagem bonita e nítida mas desfoca as outras belezas que se perderiam na sombra não fossem essas pessoas imunes ao imediato. Ser humano mais íntegro que eu já conheci. Farol, chefia, braba, a dona da porra toda. Vai em paz, mãe.”
Em 1967, Centão aos 17 anos, Cristina participou do LP Paulo Vanzolini – Onze sambas e uma capoeira, na faixa Chorava no meio da rua. No ano seguinte, Chico Buarque a a levou para gravar em seu LP Chico Buarque Volume 3 — dividiram a faixa Sem fantasia.
A artista lançou em 1974 o primeiro LP Cristina, no qual interpretou um de seus maiores sucessos: Quantas lágrimas, de Manacéia, compositor da Velha-Guarda da Portela. Nesse disco, também gravou composições de outros sambistas, como Dona Ivone Lara, Nelson Cavaquinho e Cartola.
Naquela época, já se firmava um de seus maiores atributos: resgatar pérolas das escolas de samba. Fez isso, por exemplo, com Candeia, gravando em um cassete diversos sambas inéditos ou inacabados.
Em tempos mais recentes, lançou, em 2011, lançou, ao lado de Henrique Cazes, o disco duplo com canções de Noel Rosa Sem Tostão 2… A crise continua. No mesmo ano, apresentou o espetáculo Sem Tostão, uma homenagem a Noel, no Rio de Janeiro.
Tradicional reduto da MPB, o bar Bip Bip, no Rio de Janeiro, publicou uma homenagem a Cristina: “Sempre se posicionando do lado certo, pela esquerda, claro! Sacana na medida certa, não vivia sem um bom papo de botequim”.
Sobrinha da cantora, Silvia Buarque escreveu nas redes: “Minha tia Christina, meu amor. Para sempre comigo”.
com Carta Capital
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