A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou na quinta-feira (9) a primeira vacina para prevenir a doença causada pelo vírus chikungunya.
O imunizante de dose única, chamado Ixchiq, fabricado pela Valneva Austria GmbH, foi aprovado para adultos com risco aumentado de exposição ao vírus. A vacina recebeu designações de terapia rápida e inovadora.
A chikungunya, uma doença transmitida por mosquitos cujo nome no dialeto maconde da África significa “curvar-se de dor”, não tem tratamento específico e pode ser debilitante e até mortal para os recém-nascidos.
Especialistas em saúde consideram que se trata de uma ameaça emergente à saúde global, agravada pelas alterações climáticas, com pelo menos 5 milhões de casos nos últimos 15 anos, embora as mortes e doenças graves sejam raras, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
As pessoas com maior risco de infecção vivem na África, no Sudeste Asiático e em partes das Américas, onde os mosquitos transmissores da chikungunya são endêmicos, mas a crise climática levou o vírus a novas partes do mundo.
Antes de 2006, o vírus era raramente identificado mesmo em viajantes dos EUA, afirmam os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
Contudo, estudos identificaram algumas dezenas de casos em viajantes dos EUA entre 2006 e 2013.
No final de 2014, os casos decorrentes da transmissão local foram relatados em partes mais quentes dos EUA como Flórida, Texas, Porto Rico e Ilhas Virgens.
Pessoas que adoecem com chikungunya geralmente apresentam febre e podem desenvolver dores nas articulações.
Elas também podem ter dor de cabeça, dores musculares e erupção na pele.
Para alguns, a dor nas articulações pode ser debilitante e durar anos. Espera-se que cerca de 20% a 30% dos casos se tornem crônicos, mostram pesquisas. Para os recém-nascidos, a chikungunya pode ser uma ameaça potencialmente mortal.
A Ixchiq contém uma versão viva e enfraquecida do vírus, podendo causar sintomas semelhantes aos de uma infecção.
A FDA disse que, num estudo, o vírus da vacina foi detectado no sangue das pessoas nas primeiras semanas após terem sido imunizadas.
A informação de prescrição que acompanha a vacina traz um aviso para garantir que os prestadores de cuidados de saúde digam aos seus pacientes que não se sabe se o vírus da vacina pode ser transmitido de uma pessoa grávida para o seu recém-nascido, e não está claro se o vírus da vacina pode machucar um recém-nascido.
O alerta orienta os prestadores a pesarem a ameaça do vírus para o paciente, bem como a idade gestacional e os riscos da doença para o feto ou recém-nascido.
Como não existe um tratamento específico para a chikungunya, os médicos geralmente dizem aos pacientes para descansar, beber muitos líquidos e tomar medicamentos de venda livre para controlar a febre ou a dor.
Mas os cientistas dizem que a vacina é a melhor opção para as pessoas vulneráveis ao vírus.
“A infecção pelo vírus chikungunya pode levar a doenças graves e problemas de saúde prolongados, especialmente para adultos mais velhos e indivíduos com condições médicas subjacentes”, disse o Dr. Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica da FDA, em comunicado da agência.
“A aprovação de hoje atende a uma necessidade médica não atendida e é um avanço importante na prevenção de uma doença potencialmente debilitante com opções de tratamento limitadas.”
A FDA exige que o fabricante da vacina faça um estudo pós-comercialização para garantir que não haja riscos graves para a vacina.
Os efeitos colaterais mais comuns relatados em estudos submetidos ao FDA para aprovação da vacina incluíram dor de cabeça, dores musculares e articulares, febre, sensibilidade no local da injeção e cansaço.
Quase 2% das pessoas que receberam a vacina tiveram reações adversas graves semelhantes às da chikungunya que exigiram intervenção médica.
Apenas duas das quase 3.500 pessoas nos testes tiveram que ir ao hospital devido à reação.
Alguns também tiveram uma reação adversa semelhante à da chikungunya que durou pelo menos 30 dias. A vacina vem com um aviso para encorajar os prestadores a discutir quaisquer reações potenciais que um paciente possa ter à vacina.
CNN Brasil