Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar.
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Cheguei a uma fase da vida que não me apraz bisbilhotar a vida alheia; comentar gosto duvidoso de algumas pessoas nos quesitos música, cinema, literatura, vestuário, etc. Nada tenho a ver com a orientação sexual do meu semelhante e isso para mim não faz nenhuma diferença. Quero ser feliz com minha família, amigos e meus hábitos que cultivo e aprimorei no decorrer das minhas décadas de existência.
Ao contrário da grande massa dos brasileiros, não tenho ídolos do esporte bretão muito menos de corrida de automóvel. De estádio de futebol, Deus me drible!, e de pista de fórmula 1, corro léguas! Quando algum jogador ou piloto está concedendo entrevista no rádio ou televisão, imediatamente mudo de emissora. Nada do que eles dizem definitivamente não me interessa, mesmo que sejam gênios nas suas profissões, elas não me empolgam nem me causam espanto.
Por outro lado, aprecio ouvir, ler e assistir na televisão entrevistas com poetas e escritores. Aí sim, gosto de saber de suas vidas; de como e de que sobrevivem; conhecer os locais onde trabalham e escrevem seus poemas e prosas; de seus relacionamentos conjugais e de suas viagens. Gosto até de quando estão mentindo – sim, escritor aprecia fantasiar sobre sua própria vida e seus projetos -. Devoto de suas redes sociais, sempre deixo laiques em suas postagens. Sou leitor contumaz de biografias (autorizadas ou não) desses profissionais da escrita. E gosto não apenas dos escritores e escritoras de fama e reconhecimento mundial, laureados ou não, mas também do escritor provinciano que a duras penas pratica sua escrita e sai em maratona buscando divulgar seu trabalho.
Gosto de prestigiar o lançamento de livros (que ultimamente tem ficado restrito a venda do livro em si, não se servindo mais aos convidados bebidinhas e rega-bofes). Escritores e poetas são defensores incondicionais da existência e permanência das livrarias de rua, mas ao lançarem seus livros, optam por bares e similares. Dizem, ao pé da orelha, que o percentual cobrado pelo livreiro sobre o preço de capa é exorbitante e que, ao final, o valor recebido com a venda não pagaria a edição, no mais das vezes, bancada pelo próprio autor.
Mas, ao fim e ao cabo, nesse sarapatel de virtudes e defeitos, as pessoas que escrevem despertam em mim uma profunda empatia e por isso gosto de ouvi-las falar de si e de sua obra. E que as picuinhas do meio literário sejam página virada.
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