O corpo do ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica será cremado nesta sexta-feira (16). As cinzas serão sepultadas na chácara onde ele morava, em Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu, em cerimônia privada a amigos e familiares. Antes de morrer, o político disse que gostaria de ser enterrado ao lado de sua cadela, apelidada de Manuela, que faleceu em 2018.
O velório de Mujica foi encerrado na tarde de quinta-feira (15). O corpo do ex-presidente foi velado por mais de 24 horas no Palácio Legislativo, em cerimônia aberta ao público. Além dos milhares de uruguaios, líderes estrangeiros compareceram ao rito para se despedir do político, incluindo os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Gabriel Boric, do Chile.
“Comovido pelo amor do povo do Uruguai ao meu amigo Pepe Mujica, me despeço da pessoa mais extraordinária que já conheci. Que a coragem, a simplicidade e o amor que marcaram sua vida sigam nos ajudando a trilhar o caminho que ele escolheu: o da luta por um mundo mais justo”, disse Lula.
Mujica morreu na terça-feira (13), aos 89 anos. O ex-presidente enfrentava um câncer de esôfago desde 2024. Neste ano, ele revelou que a doença havia se espalhado pelo corpo, afetando também o fígado, e que, por sua idade avançada e doenças crônicas, havia optado por parar o tratamento.
Militante, guerrilheiro e preso político
Figura emblemática da esquerda latino-americana, José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu em 20 de maio de 1935. Filho de pequenos agricultores, começou a militar cedo. Na década de 60 ingressou na guerrilha urbana Movimento de Libertação Nacional, mais conhecida como Tupamaros.
Mujica foi preso político quatro vezes durante a ditadura uruguaia (1973-1985). Ele passou 14 anos detido até ser beneficiado pela anistia decretada em 1985, com a posse de Julio María Sanguinetti, primeiro presidente do Uruguai pós-redemocratização.
Em 1994, Mujica foi eleito deputado e em 1999, senador. Em 2005, foi nomeado ministro da Agricultura no governo de Tabaré Vázquez. Quatro anos depois, em outubro de 2009, foi eleito presidente do Uruguai, cargo no qual promoveu mudanças sociais significativas, como a diminuição da pobreza, a descriminalização da maconha e a legalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Mujica acabou tornando-se uma das lideranças da esquerda mais admiradas da América Latina pelo estilo de vida sóbrio. Ganhou o apelido de “presidente mais pobre do mundo” ao se recusar a morar no palácio da presidência e dispensar os carros oficiais por um fusca azul. Além disso, durante seu mandato, doou 90% do seu salário para a construção de casas populares.
com SBT News
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