Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona.
Instagram: @_marcospires_
Completei 69 anos esta semana e inventei de listar as coisas que me dão prazer atualmente. Mudei muito. Algumas alegrias antigas mamãe natureza cuidou de moderar, se é que vocês me entendem. Outras venho descobrindo com o tempo.
A maior das alegrias atualmente é ter a certeza de que ninguém, absolutamente ninguém, precisa mais de mim. Os que me querem ao redor gostam da minha conversa besta. Já está de bom tamanho. Excelente é poder não fazer nada cada vez mais. Alegria é dormir dez horas por dia (calma que eu explicarei a seguir).
Começo a caminhar às 4.30 da manhã com uma tropa que conversa as mesmas besteiras que eu. É que aprendi a não me levar a sério. Isso foi necessário para não levar ninguém a sério. É sério; sinto pena das autoridades que se acham os fulas de Baúma e quando perdem o poder pela ascensão de adversário ou, pior ainda, por uma aposentadoria que imaginavam jamais chegar, descem a ladeira do seu resto de vida numa velocidade que sempre aumenta ao custo de topadas nas decepções das supostas amizades que imaginavam sinceras.
Uma alegria é escrever. Já disse anteriormente que escrevo para mim. Se alguém gosta do que escrevo temos muito bom gosto. Agora mesmo estou aditando pela enésima vez o último livro que jamais publicarei, porque a cada dia surge algo novo. Chama-se “O limite do suficiente” e é o resumo do que eu considero necessário para um ser humano ser feliz sem escorregar nos perigos da ganância que superam o buraco do risco e jogam uma vida no abismo.
Alegria é acordar de madrugada, postar bobagens que sei vão fazer algumas pessoas felizes e sair para a primeira caminhada. Depois o café da manhã na padaria arrodeado de pacientes amigos que riem ou fingem achar engraçadas minhas histórias. Em seguida dormir até às 9:00. Ao acordar passo no escritório para jogar conversa fora e logo depois chego na academia. Às 11:30 faço natação e depois almoço. Então durmo até as 3:00 da tarde acordando para outra caminhada, essa bem mais forte. Durmo cedo, chegando a um total de dez horas de sono diárias muito bem sonhadas. Sou bom de cama, hem?
Como diz um amigo querido que é expert em Marcos Pires: “- Esse aí gosta tanto de dormir que morrer será a realização da sua vida”.
De alguma maneira sou um Buendía. Ao menos tive uma mãe quase Úrsula.
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