Terremoto de 7,6 atinge a região central do Japão; risco de grande tsunami é afastado

O ano começou com um grande terremoto de 7,6 na escala Richter, registrado na região central do Japão. As autoridades ainda tentam estabelecer a extensão dos estragos em terra, e seguem alertas para a possibilidade de um grande tsunami na costa do país, um risco que o Serviço Geológico dos EUA já descartou. Duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. Além do Japão, outros três países da área emitiram alertas semelhantes.

O epicentro foi registrado a 42 km da cidade de Anamizu, na prefeitura de Ishikawa. Imediatamente as autoridades lançaram um alerta para o risco de um tsunami com ondas de até cinco metros de altura, algo que seria potencialmente destruidor. O tremor aconteceu a 10 km de profundidade, elevando o risco de danos. Segundo as autoridades locais, duas pessoas sofreram paradas cardiorrespiratórias na cidade de Nanao e morreram, e 22 ficaram feridas nas regiões de Niigata, Toyama e Fukui.

“Terremotos mais rasos tendem a causar mais estragos do que em níveis intermediários e profundos, uma vez que a energia gerada por esses eventos é liberada mais perto da superfície, e assim produz abalos mais fortes do que aqueles localizados em áreas mais fundas da Terra. O terremoto na costa produziu abalos fortes em terra e causou um tsunami”, afirmou, em nota, o Serviço Geológico dos EUA.

O alerta inicial foi bem mais maior do que a área diretamente atingida pelo terremoto, se estendendo por toda a costa Oeste japonesa, com diferentes graus de risco. Havia o temor de que as ondas pudessem chegar a até cinco metros de altura, algo que não se concretizou. Horas depois, o Serviço Geológico dos EUA disse que a probabilidade de ondas de tal magnitude foi definitivamente afastada, mas ondas menores, de cerca de um metro,foram registradas em algumas áreas. O serviço de emergência do Japão segue com alerta para ondas de até três metros de altura em áreas próximas ao epicentro do terremoto.

Além do Japão, Rússia, Coreia do Norte e Coreia do Sul também emitiram alertas para o risco de tsunami. Segundo as autoridades sul-coreanas, foram registradas ondas de até 67cm, e elas não devem ultrapassar os 50cm de altura nas próximas horas. Mesmo assim, existe o risco de alagamento de áreas mais baixas. Na Rússia, o centro de monitoramento de tsunamis registrou ondas de até 30 cm em Vladivostok, principal cidade portuária do Extremo Oriente do país. No país, o alerta já foi cancelado.

Sem o risco imediato de um grande tsunami, o foco agora é estabelecer o grau de destruição em terra. Segundo a rede NHK, seis pessoas estariam presas em escombros de casas que desabaram em Sizu, na prefeitura de Ishikawa. Também há relatos de feridos em outras cidades da mesma área, onde 30 mil residências estão sem eletricidade. Por causa dos danos em estradas, médicos e equipes de resgate não conseguem chegar às cidades mais afetadas. Na região de Noto, próxima ao epicentro, várias casas estão em chamas, mas não há relatos de vítimas.

No X, o antigo Twitter, o primeiro-ministro Fumio Kishida disse que foi estabelecido um gabinete de crise.

“Pondo as vidas humanas como prioridade, estamos fazendo todos os esforços para lidar com os danos, aplicando todos os esforços de resposta a desastres. Para aqueles nas áreas atingidas, peço que prestem muita atenção às ultimas informações e coloquem sua segurança pessoal como prioridade”, escreveu o premier.

Além do terremoto de 7,6, foram identificados mais de 20 abalos secundários, um deles de magnitude 6,2. Apesar da força menor, esses tremores podem agravar danos em estruturas fragilizadas pelo primeiro terremoto, aumentando os riscos às vidas dos moradores dessas áreas. Como medida de precaução, voos para a região de Ishikawa foram suspensos, e o serviço de trem de alta velocidade opera com restrições em todo o Japão. Mil militares foram deslocados para as áreas atingidas, e outros 8,5 mil estão de prontidão, afirmou o Ministério da Defesa.

Logo após o tremor, uma preocupação de primeira hora foi com a segurança das centrais nucleares japonesas. A memória do tsunami de 2011 e de seus impactos sobre a central de Fukushima, onde ocorreu um dos maiores desastres nucleares de todos os tempos, ainda assombra o Japão, e traz consigo um debate longo sobre o uso deste tipo de energia no país. O alerta para o risco de um grande tsunami, emitido mais cedo, foi o primeiro desde o grande tremor de 2011.

Em entrevista à NHK, o chefe de Gabinete do governo, Hayashi Yoshimasa, disse que um transformador na usina nuclear de Shika, em Ishikawa, foi afetado, mas não causou impactos à instalação ou riscos à população. Ele declarou ainda que não foram identificados problemas nos demais reatores em operação no Japão, inclusive na usina de Kashiwazaki-Kariwa, a maior de mundo, que recebeu autorização para voltar a operar na semana passada. Depois do terremoto e do tsunami de 2011, o país desativou permanentemente 21 reatores, e vem religando outros aos poucos ao longo dos anos.

Cabe ressaltar que o desastre em Fukushima foi causado por uma conjunção de fatores catastróficos, a começar pelo próprio tremor de 9.1 registrado no dia 11 de março de 2011, que causou muita destruição em terra. Em seguida, veio o tsunami, com ondas de até 40 metros de altura em algumas regiões, incluindo na área onde estava a central nuclear. Além disso, uma série de erros, retratados posteriormente em reportagens de época e livros, ajudaram a moldar o maior desastre nuclear desde Chernobyl, em 1986. Recentemente, a liberação para o mar de água radioativa usada em Fukushima causou problemas com os governos da China e das duas Coreias.

O Globo

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