Queiroga diz que Bolsonaro ficou “cabisbaixo” após derrota, mas não tratou de golpe

O ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga afirmou, durante depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou em um “quadro de profunda tristeza” e ficou “muito cabisbaixo” depois de perder a eleição de 2022, mas que nunca viu ele tratar do suposto plano de golpe de Estado.

“Depois da eleição, ele teve erisipela [infecção na pele], entrou em um quadro de profunda tristeza, ficou muito cabisbaixo. Eu cheguei até me preocupar com o presidente Bolsonaro, mas ele é muito forte, e superou aquela fase”, disse.

Queiroga foi indicado como testemunha pelos ex-ministros Augusto Heleno e Walter Braga Netto. Os doissão réus na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. Eles integram o “núcleo crucial” da trama, que também tem Bolsonaro e outras cinco pessoas (ex-ministros e militares).

No depoimento, Queiroga também disse que a transição de governo, de Bolsonaro para Lula, “acontece conforme a legislação”. O ex-presidente autorizou o início da transição para o novo governo e determinou que isso fosse tocado pelo então ministro da casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), disse.

Queiroga também minimizou a reunião realizada por Bolsonaro no dia 5 de junho de 2022. Na ocasião, o então presidente afirmou a seus auxiliares que era preciso fazer “alguma coisa antes” das eleições daquele ano, ou seria tarde demais para impedir a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para Queiroga, que participou do encontro, Bolsonaro costumava adotar um tom crítico em relação às urnas até mesmo em público.

Testemunhas de Heleno
Testemunhas indicadas pelo general Augusto Heleno, que foi chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmaram que ele se afastou de Bolsonaro depois da segunda metade do governo e que não teria participado da elaboração da “minuta golpista”.

O capitão de Mar e Guerra Ricardo Ibsen Pennaforte de Campos, que foi chefe de gabinete de Heleno, foi um dos que emitiu essa versão. Segundo ele, o ex-ministro participou de menos reuniões no gabinete presidencial nesse período, mas ele não saberia “aquilatar” o motivo.

As testemunhas também afirmaram que ele não politizou o órgão e que procurou fazer uma transição para o novo governo sem “nenhum atrito” ou “resistência”.

Também foram ouvidos nesta segunda-feira o general Carlos José Russo Penteado, que foi o número dois do GSI; o general Antonio Carlos de Oliveira Freitas; Christian Perillier Schneider, ex-assessor especial do Ministério da Agricultura; Amilton Coutinho Ramos, coronel e assessor especial do GSI; capitão Valmor Falkemberg Boelhouwer; e o brigadeiro Osmar Lootens Machado.

com Valor Econômico

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