O comunicado divulgado na manhã desta terça-feira (4) pelo Vaticano afirma que os exames de sangue do papa Francisco mostraram que ele não tem uma quantidade elevada de glóbulos brancos. Segundo a nota, essa é uma prova de que o sumo pontífice não tem nenhuma nova infecção respiratória.
Os episódios de insuficiência respiratória aguda dessa segunda-feira (3) foram causados por um acúmulo significativo de muco endobrônquico e broncoespasmos. O comunicado da Santa Sé reitera que foram realizadas duas broncoscopias para remover o acúmulo de secreção.
Apesar de ter passado uma noite relativamente tranquila, o quadro clínico do religioso argentino segue “complexo” e “novas crises respiratórias são possíveis”, reitera a nota. Segundo a equipe médica de Francisco, seu prognóstico é “reservado”.
Quase 20 dias de hospitalização
O líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos no mundo foi internado no hospital Gemelli de Roma há 19 dias devido a uma bronquite. A doença se agravou e evoluiu para uma pneumonia bilateral. Desde então, o papa não foi mais visto em público, mas recebe colegas próximos, como o secretário de Estado Pietro Parolin, e continua a trabalhar quando é possível.
Esta hospitalização, a quarta e mais longa desde 2021, suscita forte preocupação pelos problemas anteriores que debilitaram a saúde de Francisco nos últimos anos. O sumo pontífice já foi submetido a operações no cólon e abdômen, e apresenta dificuldades para caminhar, se locomovendo com uma cadeira de rodas.
Na segunda-feira (3), o Vaticano afirmou que o papa segue “consciente” e “cooperativo”, mesmo durante a última crise. Uma fonte do Vaticano reconheceu que sua recuperação apresenta “altos e baixos”.
Grave infecção
O responsável do setor de pneumologia do Hospital Europeu de Marselha, Hervé Pegliasco, afirmou que “uma infecção broncopulmonar bilateral aos 88 anos é grave”. “Há um fenômeno de exaustão, porque ele é obrigado a fazer um esforço muito maior para respirar”, explicou.
O diagnóstico é confirmado por Bruno Crestani, chefe do serviço de pneumologia do Hospital Bichat, em Paris. “Aos 88 anos, ficar duas semanas internado no hospital e ter episódios repetidos de dificuldades para respirar é um péssimo sinal”, avalia.
Aos 21 anos, Francisco quase morreu devido a uma pleurisia e o lobo superior do pulmão direito teve de ser removido. Sua idade avançada, a saúde debilitada e os antecedentes “são elementos que agravam seu quadro”, avalia Hervé Pegliasco.
A situação do sumo pontífice traz questionamentos sobre sua capacidade de continuar desempenhando suas funções. O direito canônico não prevê nenhuma determinação em caso de problemas graves que possam afetar a lucidez dos papas.
Os fiéis vêm se reunindo todos os dias aos pés da estátua de João Paulo II, na entrada do hospital Gemelli, para rezar pela saúde de Francisco. No domingo (2), em uma carta pública lida no Angelus, o sumo pontífice agradeceu as orações e homenagens.
com AFP