O Vaticano reafirmou nesta segunda-feira (8) sua oposição a mudanças de sexo, teoria de gênero e gestação por substituição, bem como ao aborto e à eutanásia, quatro meses depois de apoiar bênçãos para casais do mesmo sexo.
O escritório doutrinário do Vaticano (DDF) divulgou a nota Dignitas infinita (Dignidade infinita) após forte resistência conservadora, especialmente na África, contra o documento sobre questões LGBT.
Não há sugestão de que o novo texto, que descreve o que a Igreja percebe como ameaças à dignidade humana, tenha sido preparado em resposta direta às discussões sobre as bênçãos para pessoas do mesmo sexo, já que ele está sendo elaborado há cinco anos. Mas passou por revisões extensas durante esse período.
O papa Francisco o aprovou, depois de solicitar que ele também mencionasse “a pobreza, a situação dos imigrantes, a violência contra as mulheres, o tráfico humano, a guerra e outros temas”, disse o chefe do DDF, cardeal Victor Manuel Fernández, em comunicado.
A nota diz que a maternidade de substituição viola a dignidade tanto da mãe de aluguel quanto da criança, e lembra que Francisco, em janeiro, chamou-a de “desprezível” e pediu uma proibição global.
Sobre a teoria de gênero, a nota afirma que “desejar uma autodeterminação pessoal, como prescreve a teoria de gênero, além dessa verdade fundamental de que a vida humana é um dom, equivale a uma concessão à antiga tentação de se tornar Deus, entrando em competição com o verdadeiro Deus de amor revelado a nós no Evangelho”.
A teoria de gênero, muitas vezes chamada de ideologia de gênero por seus críticos, sugere que o gênero é mais complexo e fluido do que as categorias binárias de homem e mulher, e depende de mais do que características sexuais visíveis.
Sobre mudanças de gênero, a nota diz que “qualquer intervenção de mudança de sexo, como regra, corre o risco de ameaçar a dignidade única que a pessoa recebeu desde o momento da concepção”.
O texto reconhece que algumas pessoas podem se submeter a cirurgias para resolver “anormalidades genitais”, mas enfatizou que “tal procedimento médico não constituiria uma mudança de sexo no sentido aqui pretendido”.
Ao mesmo tempo, o texto também denuncia como contrário à dignidade humana o fato de que “em alguns lugares, não poucas pessoas são presas, torturadas e até mesmo privadas do bem da vida somente por causa de sua orientação sexual”.
A nota também reiterou a condenação permanente do Vaticano ao aborto, à eutanásia e à pena de morte, citando Francisco, seus antecessores Bento 16 e João Paulo 2º e documentos anteriores do Vaticano.
Agência Brasil com Reuters